Regras do cartão de crédito vão mudar para evitar dívidas

Data: 03/12/2010
Fonte: Jornal Nacional

O consumidor terá que desembolsar mais dinheiro para usar o crédito rotativo, mas terá um número menor de taxas para pagar e mais informações

Não é só a inflação que preocupa o governo nesses tempos de consumo em alta. Tem muita gente se endividando além da conta no cartão de crédito.

Toda vez que Marcelo Aparecido Ricardo deixa seu pequeno açougue e entra numa loja, lá vem tentação.

“Eles chegam e perguntam: ‘Vamos fazer o cartão, você não precisa pagar nada, não paga anuidade’. E assim eu ia fazendo, fiz em várias lojas os cartões e fui gastando”.

Marcelo acumulou nove cartões de crédito. Sem poder arcar com todos, pagou o mínimo das faturas e entrou no rotativo. Com juros de 238% ao ano, a dívida só fez crescer e chegou ao dobro do que ele ganha.

Para evitar que as dívidas se transformem em bolas de neve, as regras do cartão de crédito vão mudar. O consumidor por um lado terá que desembolsar mais dinheiro para usar o crédito rotativo e, por outro, terá um número menor de taxas para pagar e mais informações. Mesmo assim, todo o cuidado ainda vai ser pouco.

Hoje são cerca de 80 tarifas, mas o Conselho Monetário Nacional vai obrigar os cartões a reduzir para apenas cinco: anuidade, segunda via, saque, pagamento de contas e aumento de limite.

A partir de junho do ano que vem, quem começar a usar um cartão de crédito terá que pagar pelo menos 15% do valor da fatura pra poder entrar no rotativo. E, a partir de dezembro de 2011, o pagamento mínimo sobe para 20%.

O professor da Fundação Getúlio Vargas fez as contas para testar o impacto da mudança. Uma pessoa que gastou R$ 1 mil, mas que só pagou o mínimo de 10% da fatura, no fim do ano já desembolsou R$ 1.175 com os pagamentos mensais e ainda continua devendo R$ 955.

Já se o pagamento mínimo for de 20%, o cliente vai gastar R$ 1.340 ao longo do ano, mas no final tem um saldo menor a pagar: R$ 232.

“Melhora muito, mas não resolve. As pessoas precisam se habituar que esse tipo de utilização não é correto, os juros são astronômicos pra utilização do crédito rotativo de cartão”, explicou o professor de finanças Fabio Gallo Garcia.